02/07/2016 às 10:16 Reflexões

Trabalhe com o que você ama, e nunca mais vai precisar trabalhar.

685
3min de leitura

Por muitos anos eu trabalhei numa empresa, em regime CLT, de segunda a sexta, das 9 as 18, odiando as segundas feiras e comemorando cada sexta feira como final de copa do mundo.

Por muitos anos engoli sapos, calei a boca, deixei para lá, evitei entrar em conflitos desnecessários e fechei os olhos para tudo que eu achava errado.

Por muitos anos me fechei dentro de um cubículo sem janelas, olhando o mundo pelas noticias no computador, sem saber se do lado de fora estava frio ou calor, sol o chovendo.

Por anos sem conta eu desejei fazer algo diferente, ter coragem de largar tudo e perseguir meus sonhos, mas eu estava presa nas correntes invisíveis da zona de conforto. Tava ruim, mas eu tinha férias, 13º, fins de semana livres e salario todo mês pingando na minha conta no banco, mesmo nos meses em que o salario se resumia a cobrir temporariamente minha conta – sempre no vermelho – do banco.

Estava morrendo aos poucos, enterrada numa rotina que nada tinha a ver comigo.

Não que isso não me fosse confortável, seja bem. Graças a essa rotina assassina de sonhos, eu comprei apartamento, carro, escola do filho, viagens... vivia presa numa gaiola de ouro, tendo tudo que queria, conforto, segurança... a vida não poderia ser melhor.

Mas ainda assim eu odiava as segundas feiras e comemorava cada sexta feira e feriado como se fossem Brasil vencendo a copa do mundo contra a Argentina.

Algo em mim se rebelava contra essa gaiola de ouro.

Algo em mim queria tempo livre, tempo para fazer todas as coisas que eu não conseguia, tempo para ver o sol, saber da chuva, ver o mundo ao meu redor.

Algo em mim lutava contra a zona de conforto, queria mais.

Então aconteceu o inesperado: a empresa fechou as portas e foi como se alguém mexesse no meu queijo. Abriram a porta da minha gaiola de ouro.

E agora?

Medo! Pânico até! O que seria de mim? Como iria viver? E agora? E agora?

Passei uns dias vivendo um estado interessantíssimo: parte de mim estava desesperada querendo voltar para dentro da jaula. Parte de mim sentia um alívio tão grande!

Se por um lado o futuro tinha acabado de ser um lugar seguro, com salario pingando todo fim de mês e contas pagas, viagens planejadas e sonhos possíveis, por outro ele abria um leque de possibilidades infinitas: eu poderia fazer outra coisa totalmente diferente na minha vida. Poderia terminar aquele livro que comecei a escrever e nunca cheguei na pagina final; poderia ir vender água de côco numa praia paradisíaca qualquer e aprender a pintar o nascer do sol; poderia abrir minha própria empresa e aplicar todos aqueles conceitos que eu achava que faltava na empresa que fiquei enterrada 22 anos; poderia fazer o que eu gosto.

Num mundo de possibilidades, do que eu realmente gostava?

E eu desconfio que minha alma sabia isso muito antes do meu cérebro porque, de todos os planos que eu fiz, em nenhum deles eu incluía a fotografia. Fotografia era meu prazer maior, não era para ganhar dinheiro.

Eu não me dava conta do quanto fotografar me fazia feliz. Eu não via fotografia como trabalho porque “trabalho” é sinônimo de “sofrimento” e antônimo de “Prazer”. Trabalho é obrigação, fotografia é.. ah! Fotografia! É o refúgio, o lugar que eu vou quando tudo está ruim, o lugar que eu esqueço de mim e me torno expectadora de momentos únicos, a felizarda que conseguiu captar um segundo fugaz de felicidade, um momento de descuido do sorriso furtivo, o décimo de segundo que os olhares se cruzaram.

E assim, sem qualquer planejamento prévio, eu comecei a fotografar. Primeiro porque era uma forma de não pensar na minha situação de sem-emprego. Uma válvula de escape; mas uma coisa leva a outra e hoje eu fotografo como profissão.

Hoje eu entendo a máxima que dá título a essa postagem.

Trabalho agora é sinônimo de prazer. Fiz as pazes com as segundas feiras e todos os dias viraram dias de final de copa do mundo.

02 Jul 2016

Trabalhe com o que você ama, e nunca mais vai precisar trabalhar.

Comentar
Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Copiar URL

Tags

amor fotografia segunda feira sexta feira trabalho Zona de conforto

Quem viu também curtiu

23 de Jun de 2016

Boudoir - um ato de amor-próprio

01 de Jan de 2017

5 coisas que aprendi sobre fotografia como profissão em 2016

31 de Jul de 2016

Sermos Crianças

Olá, em que podemos ajudar? Sinta-se a vontade em me chamar no Whats.
Logo do Whatsapp