Eu tenho três grandes paixões: Viajar, escrever e fotografar.
Viajar nos abre para o novo: novos olhares, novos odores, novos sabores e consequentemente, mais fotografias e mais assuntos para escrever.
Eu tenho costume de chegar nos lugares e perguntar a alguém que mora lá, qual o lugar que ela mais gosta. Pergunto isso para descobrir lugares novos ou quem sabe, dar a sorte de descobrir algum lugarzinho secreto fora da rota de turistas, mas cedo eu descobri que as respostas raramente me remetem a um lugar novo fora da rota dos turistas, eles remetem a um estado de espírito.
Eu explico:
Numa viagem que fiz para a Chapada Diamantina na Bahia, perguntei a um guia qual o lugar que ele mais gostava e ele respondeu:
- É quando chove.
Achei uma resposta tão estranha, afinal, “quando chove” nem se quer é um lugar! Perguntei por que e ele respondeu:
- Aqui na Chapada a vegetação predominante é de caatinga e ela fica assim parecendo seca e morta quando o tempo está seco e quente mas, quando chove... ah! Ela ganha vida! Fica tudo verdinho! É lindo de ver!
Em outra ocasião, também na Bahia, dessa vez na ilha de Boipeba, a resposta do rapazinho para a mesma pergunta foi até de emocionar, ele disse:
- O lugar que eu mais gosto é onde meus amigos estão.
Recebi várias respostas assim desde então.
O lugar preferido muitas vezes não é uma paisagem, mas como aquela paisagem faz a pessoa se sentir com ela mesma. Respostas como “é onde minha família mora” ou “foi lá que eu conheci o meu grande amor” ou “foi lá que eu nasci” torna vários lugares o melhor lugar das pessoas e nesses lugares, só as próprias pessoas podem nos levar. Ou contando sua experiência, ou nos mostrando o lugar com os olhos delas.
Esse foi um aprendizado que levei para minha vida e para minhas lentes. As vezes a melhor foto não é a perfeita! Com todas as técnicas fotográficas bem aplicadas e o balanço perfeito de branco. As vezes a melhor imagem é aquela que fala ao coração. É conseguir a felicidade de retratar aquela troca de olhares, aquele riso solto, aquele momento de desatenção que dura um segundo.
E aí acontece da foto não ficar um primor fotográfico. A luz não estar perfeita, o efeito boken não ter dado certo, ter ficado com alguma aberração cromática qualquer, mas nada disso aos olhos do fotografado importa, porque foi bem nessa hora que ele sorriu ao ouvir a parceira dizer “eu te amo” ali no canto e aquele sorriso vai ficar marcado na vida dos dois para sempre. E quando eles mostrarem aquela foto, vão lembrar a história da cumplicidade bonita que surgiu entre os dois naquele momento.
A melhor fotografia é como o melhor lugar para se estar. É o momento que fala ao coração, que revela sentimentos, que torna o mundo um lugar terno.
Fotografe com o coração.